Se você é uma mulher preta e tem a curvatura do cabelo tipo 4, já deve ter uma noção do que se trata essa pauta. O fator encolhimento pode ser um inimigo ao seu ver, mas já parou para pensar do por quê dessa restrição?
Diante de tudo, para analisarmos a repressão ao fator encolhimento, devemos observar o contexto histórico. E para isso, essa matéria conta com a participação da Beatriz Santana, conheça um pouco sobre ela:
Me chamo Beatriz Santana, tenho 20 anos, e sou criadora de conteúdo digital. E além de artista e dona da hastag #shookdexere, no Instagram, crio conteúdos de empoderamento e autoafirmação, compartilhando dicas sobre a rotina capilar do meu crespo.
Instagram: @beapretex
O processo de autoaceitação e autocuidado para as pessoas pretas, encara desafios e obstáculos durante toda a caminhada. Do profissional, ao pessoal.
Os fios crespos 4A e 4B, tem como algumas das características o frizz e os cachos fechados. Já o 4C, não forma cachos. Por isso, ambos os tipos, tendem a desenvolver dificuldade de absorção dos óleos. E essas características não são sinônimos de ressecado ou "feio"! Ou da expressão racista "cabelo duro".
Em meados de 2015, quando os vídeos sobre transição capilar começaram a ascenção, víamos o resultado com aqueles "cachos perfeitos" e abertos. Mas isso não cabe a realidade, e nem a quem tem o cabelo tipo 4! O "ideal" e muitas vezes inalcançável, se tornou até tendência em salões.
Abrir os cachos fechados é sonho para muitas. E isso é dado como uma dose de superficialidade a aceitação capilar e pessoal, porque a partir do momento que você se liberta de uma prega social, é preciso se ter consciência e olhos abertos as amarras futuras!
O intuito desse debate não é te impedir de fazer o que pensa e deseja, e sim desenvolver essa crítica, de que o "bonito é ter um cabelo natural, mas ele precisa ser definido e brilhoso o tempo todo". - ISSO NÃO É REAL!
Com o olhar atento, as seguintes perguntas que pode-se fazer a si mesmo, são:
1- Estou fazendo isso por que eu quero, ou para suprir alguma crítica?
2- Qual relação eu tenho com o meu cabelo, como pessoa preta diante de uma sociedade racista?
3- Em qual grau está a opinião alheia?
A nossa convidada escreveu o seguinte relato sobre o tema em questão:
"Por muito tempo vivi combatendo algo que faz parte de mim, sem ao menos saber do que se tratava.
Por muito tempo eu estava determinada, a não gostar daquela forma natural que ele tomava.
Tudo que eu escuto e vejo é sempre sobre brigar, domar, bater, tirar, arrancar, mas nada sobre como verdadeiramente eu poderia cuidar.
Como amar ou entender algo que fui ensinada a odiar? Como enxergar possibilidade naquilo que sempre riscaram da lista de opção?
Eu queria muito ter descoberto a importância disso antes, pois com certeza viveria melhor a minha transição.
Para mim, não é sobre forçar as pessoas a amarem o fator encolhimento como se fosse a melhor coisa do mundo, mas sim sobre dizer que ele não é a pior coisa e que ao invés de viver em constante combate, cada um poderia entender o porquê, e encontrar formas de estimular o volume da forma que preferir.
Aquele ditado: 'Se não pode com seu inimigo, junte-se a ele!' No meu caso não é mais meu inimigo, e sim um bff que me proporciona a possibilidade de usar o meu cabelo de várias formas. Um dia com volume, outro sem, e assim numa relação que construímos com o tempo vamos seguindo."
Se questionar, é também sobre fazer autoanálises além do senso estético. Como você se vê?
Que post lindo, e muito real. Passei pela transição no meu e me fez me sentir realizada e grata ao longo prazo, mas no início é sim muito difícil, ainda mais quando colocamos a auto-aceitação em jogo. Enfim, amei o post <3
ResponderExcluirCom certeza, é uma caminhada de autoafirmação e consciência. Muito obrigada pela opinião, Thay!
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